quinta-feira, setembro 15, 2005

Ação e Reação

"Pode de fato se provar ser a mais difícil e não menos importante tarefa para a razão humana compreender racionalmente sua próprias limitações. É essencial para o crescimento da razão que como indivíduos nos curvemos à forças e obedeçamos à princípios aos quais não podemos almejar compreender completamente, e que, ainda assim, o avanço e a preservação da civilização deles dependam." - Friedrich A. Hayek
A novilíngua esquerdista conseguiu transformar a palavra reacionário em um verdadeiro xingamento atirado contra seus desafetos. Por exemplo, no Dicionário da Língua Portuguesa Online - Priberam consta como definição (de Portugal) para a palavra:

reaccionário

adj.,

contrário à liberdade;
relativo à reacção;

s. m.,

sectário da reacção política ou social;
conservador;
absolutista.

Interessante que logo a primeira definição seja "contrário à liberdade" (adj.), a última "absolutista", e entre elas "conservador", sendo as duas outras as definições "neutras".

Reação é uma condição natural para o Conservador, que está continuamente ameaçado, em muitas frentes, pela militância revolucionária engajada em destruir seu universo sócio-político-cultural. É o mundo estabelecido, vigente, no qual vive que passa a estar sob ataques sitemáticos e organizados. Reagir, neste contexto, é defender-se. O homem comum não irá se engajar em um enfrentamento político a menos que seja provocado. É fácil perceber então que a (re)ação política conservadora tende a estar pautada pela ação revolucionária, estabelecendo uma dualidade ou complementaridade entre os dois entes, como matéria e anti-matéria.

Esta tendência "natural" se constitui em uma séria desvantagem para o Conservador, pois toda iniciativa de ação está com o Revolucionário. Nestas condições, o melhor score para o primeiro fica sendo o empate, ou seja, impedir o avanço do oponente, por hoje. Em embates sucessivos, o resultado médio será sempre favorável ao revolucionário, que vai deste modo caminhando, inexoravelmente, em direção à vitória final.

Por isso, uma mudança fundamental de estratégia se faz necessária. É preciso criar uma Ação Conservadora, um grupo de ação política planejada, pró-ativo, para tomar a iniciativa dos enfrentamentos nas diversas frentes onde o esquerdismo já é hegemônico: mídia, academia, movimentos estudantis e sindicais, igrejas. Algumas táticas empregadas podem ser semelhantes como ter militância de rua atuante, ocupar cada milímitro de espaço de mídia disponível, traduzir e divulgar literatura conservadora, ou até mesmo criar ONGs...

Uma segunda grande desvantagem para os Conservadores é que estes, intrínsecamente, são guiados por ideais éticos e morais, possuem a convicção do que é certo e do que é errado, absolutamente, o que limita suas opções de ação, ao passo que o oponente não tem qualquer limite pois crê que os fins justificam os meios, já que a revolução os redime de todos os pecados e culpas, liminarmente, enquanto lutam pelo paraíso prometido. Estas limitações incontornáveis para o Conservador precisam ser levadas em conta no seu planejamento estratégico para mitigar a vantagem tática do adversário.

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